domingo, 18 de maio de 2014

Nos últimos anos, vem se intensificando uma ditadura silenciosa, na qual o FAZER precede o SER , ou seja, o que define quem de fato nós som...

O que precede: SER ou FAZER?

Um comentário:
 
Nos últimos anos, vem se intensificando uma ditadura silenciosa, na qual o FAZER precede o SER, ou seja, o que define quem de fato nós somos é o que fazemos, o nosso trabalho. Nesse sentido, se não estivermos trabalhando, ou pelo menos não de acordo com o conceito de trabalho vigente, não somos considerados úteis ou parte ativa da sociedade. Crescemos com a ideia de que “ser alguém na vida” depende do fato de estarmos fazendo alguma coisa.

Quando nos convertemos, temos um real encontro com Cristo. Nosso coração é marcado, e nossa mente também precisa ser renovada, como diz Romanos 12.2: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Parece que quando nos convertemos, transferimos a pressão externa, o que a sociedade espera de nós, para Deus. Achamos que Deus está no seu trono de braços cruzados, questionando: “E aí, o que você vai fazer para mim?” ou “O que você tem para me oferecer?”
Deixa eu te contar algo que aprendi há pouco tempo: Deus não precisa de nós. Ele é Deus, apesar de nós. Nós é que precisamos Dele! Toda a humanidade precisa Dele todos os dias, ainda que ela não reconheça isso. O mundo experimenta da Sua misericórdia todos os dias – quando o sol nasce mais uma vez, quando os alicerces da Terra permanecem intactos, quando ainda há uma atmosfera no nosso planeta favorável para se ter vida: oxigênio, água, chuva. Nós, que nascemos de novo, dependemos Dele ainda mais! Precisamos da Sua infinita graça para continuarmos sendo transformados à Sua imagem. Precisamos do Espirito Santo revelando o coração do Pai para sermos verdadeiros adoradores que O adoram em espírito e em verdade. Até para adorá-lo precisamos Dele!

Entretanto, mesmo que Ele não precise de nós para ser Deus, Ele nos escolheu para sermos aqueles que dão as boas-vindas para que Seu Reino invada a Terra. Ele nos incluiu no seu propósito e, nesse sentido, é legitimo o nosso questionamento quanto ao que precisamos fazer. Mas esse não é o foco de Deus.

O versículo mais repetido na Bíblia é: “e eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus”. Eu acho que isso nos dá uma prova do que Ele realmente está esperando de nós, não? Ele quer sejamos totalmente Dele. Ele quer ser o nosso Deus e ter relacionamento conosco. Ele não precisa de nós para ser Deus, mas nos criou para sermos a extensão do relacionamento que existe desde a eternidade: a Trindade. Não acredito que Deus tenha criado o homem porque se sentia só. Na verdade, penso exatamente o contrário. Existia, e ainda existe, tanta satisfação, alegria, gozo, paixão, amor e ternura nessa
relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo que estava transbordando. Então, para ser um novo recipiente e doador desse amor, o homem foi criado. O propósito da nossa criação era expandirmos esse relacionamento na Terra, e o pecado atrapalhou tudo, criando uma barreira entre o homem e Deus. Mas em Cristo podemos ser inseridos novamente nessa comunidade de amor que existe desde sempre. Você percebe o quanto isso é grandioso?

Nascemos para conhecermos a Deus! Essa é nossa identidade imutável: RELACIONAMENTO COM DEUS. Quando começamos a entender isso, nossa pergunta muda de “O que fazer?” para “Quem sou?” A resposta é: Somos Seus filhos, Sua Noiva e Seu Reino de sacerdotes. Cada uma dessas partes é essencial na formação da nossa identidade em Deus e merece, no mínimo, um texto cada. Vamos focar primeiro a realidade de que SOMOS FILHOS.

Efésios 1:1-5 :
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus, 
graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, 
assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 
nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade

A primeira descrição aos efésios que Paulo faz de Deus é a seguinte: Ele é nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Isso nos remete a Jesus ensinando seus discípulos a orarem, na famosa passagem de Mateus 6: o “Pai nosso”. O Pai de Jesus é nosso Pai, não só a figura do Pai, mas os sentimentos Dele.

João 17:22,23,26
Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; 
eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja. 

Quão intenso é o amor do Pai por Jesus? É com esse mesmo amor que Ele nos ama! Na famosa passagem do batismo de Jesus, o Espírito desceu como uma pomba, e se ouviu uma voz: “Este é o meu filho amado em quem me comprazo”. A palavra “comprazo” aqui no original é eudokeo, que significa: ser a satisfação de alguém, estar satisfeito, ter prazer em.

Aqui o Pai estava fazendo uma declaração de amor para Seu Filho: você é a minha satisfação, o meu prazer! É com esse amor que Ele nos ama. Já parou para pensar nisso? Você é a satisfação Dele! Você é a satisfação do Deus Criador de todo o Universo, de tudo que existe, do Todo Poderoso! O mais interessante é perceber que o Pai falou isso antes de Jesus realizar qualquer milagre, cura, sinal... Antes de qualquer coisa. Sabe por quê? Porque Ele é Filho. Não é o fato de realizarmos coisas para Deus que faz Ele se alegrar por nós ou ter satisfação em nós. É o simples e maravilhoso fato de sermos filhos! Isso escandaliza a sua mente? Escandaliza a minha!

“A fim de que o amor com que me amaste esteja neles”. Através de Jesus, nós podemos sentir hoje um amor que é eterno, ou seja, que sempre existiu. Algo que não tem início nem fim, dentro de nós. Isso é grande o suficiente pra tirar o nosso fôlego, não acham? Jesus abriu mão da Sua glória e veio ao mundo não somente para perdoar nossos pecados por meio da obra redentora da cruz, mas para que o amor do Pai estivesse em nós como sempre esteve Nele, não só enquanto veio para a Terra, mas antes da fundação do mundo.

Antes da fundação do mundo? Sim, vamos voltar para Efésios 1:4-5:
...assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 
nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade

Ele nos predestinou antes da fundação do mundo para a adoção de filhos por meio de Jesus Cristo. Lembrando que quando Paulo escreve sobre adoção, ele não tem em mente a legislação atual de adoção. Ele é judeu e tem em mente o que é adoção para um judeu. O termo usado aqui para adoção é huiothesia. Uma vez aprendi com um mestre que isso significa o seguinte: quando um filho é adotado por judeus, ele é colocado na mesma posição de herança e direitos do primogênito. A Bíblia diz isso em Romanos 8:14-17:
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 
Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. 
O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. 
Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. 




Então, além de recebermos o mesmo amor que o Pai tem por Jesus, nós também somos coerdeiros com Ele. Seremos glorificados assim como Ele o foi. Reinaremos para entregar o Reino da Terra ao Pai, assim como Ele o fará! Você acha isso pouco?





Portanto, nossa essência, ou seja, quem somos em Deus e para Deus, define tudo o que fazemos. O contrário disso, à maneira do que a sociedade nos impõe, destrói a finalidade do sacrifício de Cristo Jesus. Quando descobrimos a prioridade da nossa vida, também reorganizamos nossa agenda. Descobrir que Deus nos ama e tem prazer em nós, da mesma forma que Ele ama Jesus e nos fez coerdeiros de tudo o que nosso Senhor e Irmão mais velho têm por direito, sim, descobrir isso nos leva direto ao lugar secreto, de devoção e solitude (uma solidão repleta da presença Dele). Afinal, essa é nossa identidade imutável, que nos leva a fazer coisas mutáveis. Um dia, poderei funcionar como pedagoga; em outra época da minha vida, somente como mãe e dona de casa; mas nunca irei me sentir inútil, porque o que me define de fato é quem eu sou. Essa é a razão da nossa vida: SOMOS FILHOS DO DEUS VIVO!

Bill Johnson afirma que carregamos a maior esperança em um mundo sem esperanças. Que essa reflexão te encha de esperanças, como tem me enchido. Amém! 

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